terça-feira, 31 de maio de 2011

Vidro De Emoções

É tempo de meio silêncio, de boca gelada e suspiro, 
de palavra indireta, aviso na esquina. 
Tempo de cinco sentidos num só. 
(Carlos Drummond de Andrade)



Com a cabeça baixa e aquele semblante cansado, pegou todas as suas emoções e colocou em um vidro. Ficou ali parado olhando pra todos aqueles sentimentos presos, se perguntando o que ia fazer. Pensou em talvez jogar em um rio, ou quem sabe doar pra alguém que realmente precisasse, já que pra ele aquilo tudo não importava mais.
Sempre esperou um momento em que as coisas se encaixariam, e talvez passado esse momento, nem precisasse prender suas emoções. Cansado de administrar tanta coisa, cansado de escolher, cansado de viver. Por um tempo pode sentir a leveza de ser vazio. Pode olhar tudo de um outro ângulo, captando apenas o que de alguma forma faria sentido. 
Vazio. 
Totalmente vazio.
Se sentou, colocou o vidro em cima da mesa e o olhou ainda mais fixamente... 
Pensou em conversar com cada um dos seus sentimentos, estava ali, sem nada pra fazer e com todas as suas emoções diante de seus olhos, prontas pra ouvir cada um de seus desabafos.
Começou então pela tristeza...
- Olá, tristeza. Nos melhores e mais animados dias, nas noites em que eu pretendia dormir bem, nos domingos á tarde, nas manhãs de segunda-feira, nos finais de relacionamentos, na perda de alguém querido, ao receber uma notícia ruim, ao escrever, e até mesmo um pouco antes de te prender... 
Em muitos momentos esteve presente, em alguns até mesmo sem o meu consentimento. Lembro de uma vez em que por sua culpa quase cometi um grande erro, mas no momento de total loucura o amor veio e me salvou. Amor, ao mesmo tempo em que te salva, te destrói. Inúmeras vezes a tristeza vinha me visitar justamente por sua culpa, admito e não devo jogar a culpa toda em você. Não seria justo. Sinto que todos vocês são ligados, um complementa o outro, trocam favores e sabem muito bem a hora de agir. Quanta maestria não é mesmo? Porém, nem sempre sabem como agir. Certa vez me apaixonei, se lembra amor? Creio que sim. A felicidade então agiu dentro de mim, e mais uma porção de sentimentos a acompanhou, muitos deles ajudaram, já outros nem tanto. Fiquei um tempo sendo movido por esse turbilhão de emoções. Cego, surdo e ás vezes mudo, sorrindo como bobo, falando sem pensar. Até aí estava tudo em ordem, mas por algum motivo que eu não sei qual, o senhor ciúme ali se sentiu na condição de aparecer. E então virou festa, a raiva, a ansiedade, a desconfiança, a mágoa, a paixão, o amor, a tristeza...Tudo se misturou. E eu não fazia idéia do que estava sentindo mais, vocês fizeram uma verdadeira bagunça em minha cabeça e me obrigaram a agir da única forma que eu não devia. Não vou falar que tenho ódio de vocês, até porque ele também está dentro do vidro, então apenas vou pedir que cheguem em um acordo, que tenham calma e saibam a hora exata de aparecer. Darei a vocês outra chance, me darei outra chance, porque entre não sentir nada e sentir algo, eu escolho sentir.
Após o desabafo se levantou, e mesmo se achando a pessoa mais doida do universo pegou o vidro e libertou todos os seus sentimentos, cheio de si e com o mesmo sorriso bobo no rosto. 
O amor foi o primeiro a agir.

2 comentários:

  1. http://incorrespondencias.blogspot.com/2011_05_01_archive.html

    http://gotasdecodeina.blogspot.com/2011_02_01_archive.html

    http://euamaria.blogspot.com/2011/01/decisao.html

    blog da luaninha eh uma farsa nada dela

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  2. ate os comentarios eh fake

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