Máquina feita de carne viva, sangue quente e energia ás vezes muito quente, outras vezes fria. Massa que me carrega e me desloca para
qualquer que seja o lugar, não importa distância, pernas curtas que se alongam
conforme a necessidade.
Caixa que emite sons, grita de dor e expele tudo de
irrelevante no final do dia. Não armazena coisa ruim, vive do bom e do
essencial. Contorce-se quando sente dor, mas segura firme até cessar.
No andar de cima trava lutas diárias entre uma emoção e outra,
obrigando o andar de baixo se meter em situações irresponsáveis.
O apego e a curvatura dos braços se aventuram em abraços
contidos, disformes. O contato se mistura com a sensação de viver, o suor
escorre e mostra que cada parte está no seu lugar, funcionando como deve.
Lábios de cima se mexem na leveza dos sons, a inquietude da
língua apara a insensatez das cordas vocais, um misto de firulas que acompanham
um simples diálogo.
Esse corpo emana odores, se encarrega de monitorar o que de
necessário entra nele. Algumas coisas entram e sai, o que fica já é visto como
intruso, o corpo reage. Ele sabe o que está ali só de passagem.
Buracos para sentir cheiro, buraco para sentir prazer,
buraco para defecar, buraco pra ouvir e pra lamentar. Nosso corpo é furado e
cada furo complementa essa máquina que anda, estraga, cai, chora, machuca,
derruba, se enfurece, ri , destrói...
Lábios sensíveis, que
fazem parte da dança do corpo, do contato e afago matinal, da sensibilidade
contida em torno de todo o órgão genital. Parceiros do prazer envolvido em
apenas uma das partes que gritam.
E se contorcem de prazer!
Tantas vezes se perdem no sentir, uma das válvulas de escape
que o corpo possui. Peitos que choram e faz de seu choro alimento, localizados
na parte externa dessa máquina que pulsa. Revestido por camadas firmes e
aveludadas, composta por pelos que nos protegem e enfatizam nossa natureza.
Meu corpo, nosso corpo, seu corpo.
Uma sinfonia de nervos que se encontram e marcham na
aventura de sempre serem vivos e ativos.
Uma máquina singular que não tem hora certa pra parar de
funcionar, mas que faz o possível pra sustentar toda essa nossa inquietude de
ser e se encontrar dentro de cada um de nós.
Nenhum comentário:
Postar um comentário