terça-feira, 9 de setembro de 2014

Corpo!

Máquina feita de carne viva, sangue quente e energia ás vezes muito quente, outras vezes fria. Massa que me carrega e me desloca para qualquer que seja o lugar, não importa distância, pernas curtas que se alongam conforme a necessidade.
Caixa que emite sons, grita de dor e expele tudo de irrelevante no final do dia. Não armazena coisa ruim, vive do bom e do essencial. Contorce-se quando sente dor, mas segura firme até cessar.
No andar de cima trava lutas diárias entre uma emoção e outra, obrigando o andar de baixo se meter em situações irresponsáveis.
O apego e a curvatura dos braços se aventuram em abraços contidos, disformes. O contato se mistura com a sensação de viver, o suor escorre e mostra que cada parte está no seu lugar, funcionando como deve.
Lábios de cima se mexem na leveza dos sons, a inquietude da língua apara a insensatez das cordas vocais, um misto de firulas que acompanham um simples diálogo.
Esse corpo emana odores, se encarrega de monitorar o que de necessário entra nele. Algumas coisas entram e sai, o que fica já é visto como intruso, o corpo reage. Ele sabe o que está ali só de passagem.
Buracos para sentir cheiro, buraco para sentir prazer, buraco para defecar, buraco pra ouvir e pra lamentar. Nosso corpo é furado e cada furo complementa essa máquina que anda, estraga, cai, chora, machuca, derruba, se enfurece, ri , destrói...
 Lábios sensíveis, que fazem parte da dança do corpo, do contato e afago matinal, da sensibilidade contida em torno de todo o órgão genital. Parceiros do prazer envolvido em apenas uma das partes que gritam.
E se contorcem de prazer!
Tantas vezes se perdem no sentir, uma das válvulas de escape que o corpo possui. Peitos que choram e faz de seu choro alimento, localizados na parte externa dessa máquina que pulsa. Revestido por camadas firmes e aveludadas, composta por pelos que nos protegem e enfatizam nossa natureza.
Meu corpo, nosso corpo, seu corpo.
Uma sinfonia de nervos que se encontram e marcham na aventura de sempre serem vivos e ativos.
Uma máquina singular que não tem hora certa pra parar de funcionar, mas que faz o possível pra sustentar toda essa nossa inquietude de ser e se encontrar dentro de cada um de nós.

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