Quero saber o caminho de volta, enxergar outra vez os
sorrisos que outrora me fizeram tão bem, poder falar alto seu nome, sem me
preocupar se vou te ver na semana que vem.
Lembro como se fosse ontem, tantos assuntos enrolados em nós
dois, brincadeiras e conversas jogadas ao vento, como se por pouco tempo todo o
mundo coubesse numa só frase.
Quase sempre um cigarro ocupava a sua boca, estando na
maioria das vezes imerso em um fedor persistente de nicotina barata. Lembro até
do jeito em que tragava e posicionava o cigarro entre os dedos, jogando sempre
as bitucas no chão.
Nosso canto era bagunçado como nossas cabeças, cheios de
sonhos e planos que terminavam esquecidos depois da décima taça de vinho.
Não me tornei aquela rebelde ativista colecionadora de gatos
como você tanto falava, mas penso que não demora.
Às vezes me pego pensando em no que você se tornou, se
alguma hora do seu dia pensa em mim ou nas diversas situações que nos uniam. Na
maioria das vezes é doloroso relembrar, deixar tanto sentimento amadurecer
assim sem ter alguém para colher é no mínimo angustiante.
Uma vez juramos amor eterno, chegando ao extremo do
companheirismo e lealdade, sabíamos bem que não se jura nada, mas mesmo assim o
fizemos.
Dois tolos.
Hoje esse juramento perdura por outros caminhos e corações,
relutando a cada palavra seguida dele, transformando tantas outras amizades em pseudo
eternos elos.
É difícil voltar ao passado e caminhar por esses becos
escuros da mente, é complicado te ver, ouvir sua voz, mas não poder ocupar mais
o mesmo espaço que o seu.
Sei que tudo isso sempre será passageiro, que uma vez ou
outra vamos nos esbarrar por aí, mas tem dia que o desespero nos pega de jeito
e definitivamente não tem como fugir.
Tem momentos que gostaria muito que estivesse aqui.
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